sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

CONTÔNICA PARAÍSO TROPICAL

CONTÔNICA PARAÍSO TROPICAL

Era uma vez um reino chamado Paraíso Tropical que estava em ruínas e prestes a ser tomado pelo povo da floresta, que não agüentava mais a opressão e o pagamento de impostos, para que a família real vivesse com todo o conforto e regalias dignas do título de nobreza. Viviam no reino, 513 desputados, 81 senautores, a família real e todos os ministros. Eis que em meio a tanta turbulência e descobertas de pessoas tentando burlar leis, faturar sempre mais, aparece os arqueiros do mensalauto e o senautor Lorde Robancalheiros como autores de vários assaltos aos cofres da realeza.

Lorde Robancalheiros era um homem pacato e não demonstrava atitudes que levantassem alguma suspeita, não fosse uma serviçal do palácio declarar a falta de pagamento de uma pensão para seu filho. Até aquele momento tudo estava bem acobertado e a mulher só abriu a boca porque queria ser promovida a camareira real.

Depois desta declaração, o Lorde não teve mais sossego. A imprensa real começou a investigar e publicar os acordos e as fortunas recebidas pelo nobre senautor e enquanto isso o povo ia sofrendo com a miséria e a falta de condições de vida na floresta. Todos os dias os nossos nobres representantes discutiam sobre o assunto, analisavam provas e Robancalheiros sempre se dizendo inocente de todas as acusações. Eram depoimentos de latifundiários, cocheiros, alfaiates e outros que viviam no palácio e foram convocados pela polícia real.

O reino vivia uma época com grande nuvem negra que estremecia suas estruturas. Vossa Majestade, o Rei Lula, sempre procurava não se envolver no assunto, não dava opiniões e também como autoridade maior, não tomava nenhuma providência para resolver o caso. O Rei, que estava tão aquém da situação, chegou até a declarar em conversas com outros senautores que reestatizar a Vale do Rio Doce era uma atitude de retrocesso. Logo ele que nunca defendeu a privatização das estatais feita pelo Lorde Fernando Henrique Cardoso nos oito anos de reinado. Houve uma ocasião que a discussão sobre a Vale preencheu a pauta e por um tempo esvaziou-se o assunto Robancalheiros.

No transcorrer do tempo vários fatos foram acontecendo. Eram acidentes aéreos, greves na área médica, no transporte, gente morrendo na floresta por falta de atendimento, aumento de impostos e mercadorias, etc. E assim, não restando outra alternativa para o povo da floresta, eles começaram a se organizar para combater todos os tipos de roubalheira e foram a caça dos bruxos e bruxas que comandavam o reino.

Para essa luta, juntaram-se todas as forças de ex-militares, pessoas descontentes e sem assistência nenhuma, sem-teto, sem-terra, moradores de rua, pequenos agricultores e muitas outras forças. Durante sessenta dias e todos em seus esconderijos, construíram um milhão de pizzas recheadas com coliformes fecais, dois milhões de litros com esgoto líquido retirado das ruas do reino e três milhões e meio de suco de laranja misturado com sonífero. Com tudo pronto, o povo só aguardava o momento para o combate e no reino todos ignoravam e subestimavam a força que a imensa maioria do povo detinha e não se prepararam.

Enfim chegou o tão esperado dia em que a massa seria ouvida. Todo o contingente enfileirou-se e tomou as ruas, o reino foi cercado, e a luta começou. Eram desputados, políticos em geral e senautores tentando fugir, mas a revolta popular era tanta que ninguém conseguia escapar. Sucederam-se três dias de ferrenha batalha em que somente as crianças e idosos do reino eram poupados e liberados para se deslocar ao lugar que seria o reino da justiça construído pelo povo. Finalmente, a massa levantou a bandeira da vitória e todos os ricos e donos do poder foram condenados a comer pizza, tomar o esgoto e o suco de laranja com sonífero pelo resto de seus dias e o povo viveu feliz para sempre.
Paulo Sergio de Moraes (pmoreca@bol.com.br)

Era uma vez um reino chamado Paraíso Tropical que estava em ruínas e prestes a ser tomado pelo povo da floresta, que não agüentava mais a opressão e o pagamento de impostos, para que a família real vivesse com todo o conforto e regalias dignas do título de nobreza. Viviam no reino, 513 desputados, 81 senautores, a família real e todos os ministros. Eis que em meio a tanta turbulência e descobertas de pessoas tentando burlar leis, faturar sempre mais, aparece os arqueiros do mensalauto e o senautor Lorde Robancalheiros como autores de vários assaltos aos cofres da realeza.

Lorde Robancalheiros era um homem pacato e não demonstrava atitudes que levantassem alguma suspeita, não fosse uma serviçal do palácio declarar a falta de pagamento de uma pensão para seu filho. Até aquele momento tudo estava bem acobertado e a mulher só abriu a boca porque queria ser promovida a camareira real.

Depois desta declaração, o Lorde não teve mais sossego. A imprensa real começou a investigar e publicar os acordos e as fortunas recebidas pelo nobre senautor e enquanto isso o povo ia sofrendo com a miséria e a falta de condições de vida na floresta. Todos os dias os nossos nobres representantes discutiam sobre o assunto, analisavam provas e Robancalheiros sempre se dizendo inocente de todas as acusações. Eram depoimentos de latifundiários, cocheiros, alfaiates e outros que viviam no palácio e foram convocados pela polícia real.

O reino vivia uma época com grande nuvem negra que estremecia suas estruturas. Vossa Majestade, o Rei Lula, sempre procurava não se envolver no assunto, não dava opiniões e também como autoridade maior, não tomava nenhuma providência para resolver o caso. O Rei, que estava tão aquém da situação, chegou até a declarar em conversas com outros senautores que reestatizar a Vale do Rio Doce era uma atitude de retrocesso. Logo ele que nunca defendeu a privatização das estatais feita pelo Lorde Fernando Henrique Cardoso nos oito anos de reinado. Houve uma ocasião que a discussão sobre a Vale preencheu a pauta e por um tempo esvaziou-se o assunto Robancalheiros.

No transcorrer do tempo vários fatos foram acontecendo. Eram acidentes aéreos, greves na área médica, no transporte, gente morrendo na floresta por falta de atendimento, aumento de impostos e mercadorias, etc. E assim, não restando outra alternativa para o povo da floresta, eles começaram a se organizar para combater todos os tipos de roubalheira e foram a caça dos bruxos e bruxas que comandavam o reino.

Para essa luta, juntaram-se todas as forças de ex-militares, pessoas descontentes e sem assistência nenhuma, sem-teto, sem-terra, moradores de rua, pequenos agricultores e muitas outras forças. Durante sessenta dias e todos em seus esconderijos, construíram um milhão de pizzas recheadas com coliformes fecais, dois milhões de litros com esgoto líquido retirado das ruas do reino e três milhões e meio de suco de laranja misturado com sonífero. Com tudo pronto, o povo só aguardava o momento para o combate e no reino todos ignoravam e subestimavam a força que a imensa maioria do povo detinha e não se prepararam.

Enfim chegou o tão esperado dia em que a massa seria ouvida. Todo o contingente enfileirou-se e tomou as ruas, o reino foi cercado, e a luta começou. Eram desputados, políticos em geral e senautores tentando fugir, mas a revolta popular era tanta que ninguém conseguia escapar. Sucederam-se três dias de ferrenha batalha em que somente as crianças e idosos do reino eram poupados e liberados para se deslocar ao lugar que seria o reino da justiça construído pelo povo. Finalmente, a massa levantou a bandeira da vitória e todos os ricos e donos do poder foram condenados a comer pizza, tomar o esgoto e o suco de laranja com sonífero pelo resto de seus dias e o povo viveu feliz para sempre.
Paulo Sergio de Moraes (
pmoreca@bol.com.br)

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