sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

AMADA MESTRA, SOCORRA-ME!

AMADA MESTRA, SOCORRA-ME!

Era uma vez num Império chamado Caçador vivia uma mestra em assuntos relacionados à saúde. Ela era tão entendida no ramo que o Imperador Salú XVIII contratou-a para responder pela saúde, cujo conceito, estava sempre em baixa na opinião de todos os seus súditos. A mestra logo assumiu a tarefa e começou a organizar os serviços em diversas localidades do reino. Dentre as organizações feitas por ela, estava o grupo gestor da área, que foi criado para discutir os caminhos e destinação dos impostos pagos pela população, o Pronto Atendimento, o Expresso Saúde, etc. Tudo estava tomando rumos que levava o povo a crer que um dos maiores problemas sociais do Império ia ser resolvido de uma vez por todas. As pessoas eram bem atendidas nas unidades de saúde, as farmácias sempre dispunham dos medicamentos básicos, os agentes estavam recebendo um salário próximo ao de um Chefe Provinciano, os médicos estavam muito contentes com a tabela de preço do SUS e o povo não precisava mais enfrentar intermináveis filas, e nem dormir em frente ao posto para conseguir uma ficha de consulta. Depois de transcorrido mil e quinhentas luas, a prestação dos serviços de saúde estava a mil maravilhas. Mas como em praticamente tudo há um estraga prazeres, não demorou aparecer alguém para atrapalhar o trabalho da Mestra. Por ironia do destino, foram exatamente os médicos mais antigos que costumavam dominar o setor que resolveram exigir mais um aumento de salário e redução das horas de trabalho. Eles também reivindicavam para seu grupo a diminuição do número de consultas e iniciaram a greve.

Os médicos grevistas pararam de proceder aos atendimentos e começaram a fazer reuniões com o Imperador Salú XVIII, a grande Mestra e os representantes do povo, porém sem nenhum resultado. Dias e dias iam passando e os serviços de atendimento médico tornavam-se cada vez mais escassos e precários pois, eram poucos os profissionais que não haviam aderido à greve. Houve inclusive audiências públicas para debater o tema, mas nunca avançava. Nos bastidores do Império, muitas opiniões eram colocadas na busca da resolução desta questão importante e crucial para a população. Passados sessenta dias de greve, mesmo contra a vontade da Mestra e da opinião pública, o Imperador e representantes do povo aprovaram as reivindicações da classe médica e eles retornaram ao trabalho porém, sem a Mestra. Ela ficou muito chateada com as decisões tomadas e pediu demissão do cargo. Alguns dias se passaram e o Imperador anunciou o novo responsável pelo setor. O substituto dela era um pastor que apenas sabia conduzir seus fiéis, receber o dízimo, etc... o que não era tão complexo quanto gerenciar a saúde de mais de sessenta mil habitantes do Império Caçadorense.
Por falta de qualificação na área e grande rejeição dos seus subordinados e comunidade em geral, o nobre pastor procurava conduzir os trabalhos iniciados pela grande Mestra. Tanto é, que em suas entrevistas e pronunciamentos sempre citava a grande Mestra como uma excelente parceira através do grupo gestor. Em algumas ocasiões, a Mestra aparecia até na foto junto com o pastor e o Imperador Salú XVIII... E assim, com uma humildade extrema na aceitação de sugestões, um discurso quase sempre em primeira pessoa e um salário quase três vezes maior do que o da sua antecessora, o pastor gerenciava o tão complexo e desorganizado sistema de saúde pública. Porém, jamais hesitava em pedir ajuda a sua AMADA MESTRA.
Paulo Sergio de Moraes - pmoreca@bol.com.br

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